quinta-feira, 25 de junho de 2015

Natureza e artifício de corpos provisórios em performance de Daniela Leite na Folkcom

Na mata do bosque da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT/Cuiabá), entre árvores de troncos retorcidos e de cascas grossas características do cerrado, uma parede de plástico transparente enforma, deforma, reforma ou simplesmente institui novas formas, sempre provisórias, a um conjunto de corpos que se confundem entre a vegetação, o solo e a tela translúcida do material sintético.

Era noite, e um fio de pequenas lâmpadas  e um holofote davam a ver distintas formas corporais que se constituíam e se refaziam no entorno daquela espécie de ambiente-corpo ou corpo-ambiente.

Para um movimento qualquer, em que corpos enroscavam-se e fundiam-se com o próprio ambiente natural e artificial, havia uma forma equivalente relacionada a cada pequeno gesto produzido no momento. O corpo, ali, sempre monstruoso, na medida em que constantemente reinventado e apresentado como diferença, ganhava a condição de um corpo em processo.

Além do material plástico, a in-corpo-ração envolvia, muito certamente, folhas secas caídas no chão, pedregulhos roliços ou pontiagudos sob a sola dos sapatos e tufos de poeira fina que aderiam também ao processo de produção dos corpos.

Um grupo de pessoas observava o processo de produção deste corpo-ambiente, produzindo registros com máquinas fotográficas profissionais ou com equipamentos de telefones celulares. O corpo ali já ganhava em extensão na virtualidade do registro digital.
Em se tratando de mata de cerrado, a cena provavelmente era também observada de cima por pássaros silenciosos tentando dormir, lagartos discretos camuflados por entre galhos e insetos voadores que atravessavam o local.

A cena, provisoriamente descrita (ver foto), é da performance “Não cabe mais, gente”, desenvolvida pela atriz e diretora teatral Daniela Correa Leite e parceiros de artes cênicas, apresentada na noite de 11 de junho de 2015 durante a Conferência Brasileira de Folkcomunicação.

Daniela e amigos realizavam esta versão da performance na mata da UFMT, a poucos metros do Centro Cultural, enquanto o Conjunto de Violões e a bailarina e coreógrafa Elka Victorino se apresentavam no Auditório com repertório de tangos, música popular brasileira e música pop internacional.

Sobre a performance

“Não cabe mais, gente”, que teve sua primeira produção em maio de 2015, constitui a série de trabalhos em experimentação por Daniela Correa Leite no questionamento que vem produzindo nos últimos meses sobre o ator/atriz não como aquele que representa, mas aquele que performa a cena teatral.

A experimentação poética faz parte também dos ensaios e debates sobre artes cênicas que Daniela Leite vem produzindo como mestre e agora doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Estudos de Cultura Contemporânea (ECCO) na UFMT.

Participaram da performance na Folkcom 2015 amigos de Daniela Leite que estavam no evento e membros do Coletivo à Deriva, coordenado pela professora Maria Thereza de Oliveira Azevedo, do ECCO-UFMT.




Texto: Assessoria de Comunicação Folkcom 2015. 
Foto: Ângela Coradini


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